A impressão que tenho é de estar em um culto;
Tem hino, tem louvor, tem votos e devotos, e claro muita devoção;
Tem lagrimas, tem choro, tem transe e catarse;
Tem ídolos, tem pavilhões, tem símbolos, tem idolatria;
Tem oferta e tem ofertante, tem camisa da sorte, numero da sorte, tem superstição;
Tem briga, tem paixão, tem alegria e tem também muita ilusão!
Tem liturgia, tem até canonização;
Enfim é uma religião!
Lá estava eu ainda muito jovem pelos idos de 1994, Copa do mundo, Domingo, eu com 20 anos de idade, me preparando para ir pro culto! Pois é, nessa época pastores Assembleianos tinham o culto dominical como de extrema importância e nao cancelavam o culto só porque o Brasil estava na copa, domingo era inegociável! Resolvi me atrasar e assistir o jogo, cheguei no culto, atrasado e muitos jovem me olhavam faziam sinais com os dedos querendo saber quanto foi jogo! Nessa época nao tínhamos celulares!
Foi até hilário, pois eles nao estavam cultuando, estavam ali apenas cumprindo o protocolo, mas seus corações e mentes estavam com a seleção brasileira. Nessa época éramos pastoreados pelo Pr. Joaquim, que havia sido em tempos anteriores jogador da portuguesa, um homem cheio da graça de Deus, rígido nos seus ensinos, amoroso no trato com as pessoas e que havia deixado o futebol para servir a Cristo.
1998, próxima copa de mundo, eu agora estou em outra cidade e outra denominação, todos empolgados como sempre com a copa de mundo e a seleção, o sonho do pentacampeonato! Na minha mente eu nao me acostumava com a ideia de dividir a adoração entre Deus e o Futebol, me chamem de antiquado se quiserem eu tinha apenas 24 anos! Eu observava tudo ao meu redor, amava torcer pela seleção, mas algo nao estava certo.
Subi na casa do Pastor, e pedi a chave da igreja, pois eu estava determinado a ficar em oração e recluso enquanto o jogo estava acontecendo. Todos reunidos na casa do pastor, churrasco, refrigerante, gritos, emoções, e eu na Igreja chorando sozinho e pedindo para Deus tirar isso de mim. Me derramei ao pés do Senhor, me confessei como me vi, um idolatra, que adorava homens e clubes. Sai dali mudado e nunca mais tive essa vontade louca de ver um jogo da seleção a qualquer custo.
Todavia, quero registrar que eu, não tenho como e não pretendo julgar o servo alheio. Não escrevo essas linhas para criticar, a quem quer que seja, apenas registro aqui minhas impressões, que fazem parte daquilo que sou e de como vejo as coisas a minha volta.
Porém sempre é necessário ao Cristão mesmo vivendo na graça entender que devemos amar a Deus de toda a nossa alma e só a ele prestar CULTO. Não sobra na minha adoração Gloria para mais ninguém, toda a Gloria já foi devotada a ELE.
O esporte em si nada tem de mal.
Porém quando isso é conduzido numa politica de pão e circo, além de levar o homem para uma espécie de adoração, ainda acaba o alienando da realidade.
Mas enfim, julgue-se o homem a si mesmo!
Em Cristo
Samuel Rodrigues Carvalho
