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quarta-feira, 19 de novembro de 2025

O Medo dos Homens: A Armadilha que Silencia a Verdade

 

O "medo dos homens" é uma das forças mais paralisantes na jornada da fé. A Bíblia o descreve de forma sucinta e poderosa em Provérbios 29:25: "O medo do homem armará laços, mas o que confia no Senhor será posto em alto retiro". Essa armadilha sutil, mas potente, se manifesta de várias formas: o medo da rejeição, da crítica, do ridículo, de perder status, amigos ou até mesmo a segurança.

É o desejo de ser aceito e a aversão ao conflito que nos levam a diluir a mensagem, a silenciar a consciência e a desobedecer a Deus para agradar pessoas.
Como o Medo dos Homens se Manifesta?
  1. Comprometimento da Mensagem: Assim como Saul tentou justificar sua desobediência, o medo nos leva a "adaptar" a verdade para torná-la mais palatável. Evitamos temas "polêmicos" ou confrontadores para não ofender a audiência, esquecendo que a Palavra de Deus é "viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes" (Hebreus 4:12), feita para transformar, não apenas para confortar.
  2. Busca por Aprovação (Idolatria): Quando a opinião das pessoas se torna mais importante do que a opinião de Deus, caímos em uma forma de idolatria. Colocamos a criatura no lugar do Criador. O apóstolo Paulo confrontou isso diretamente: "Porventura, procuro eu, agora, o favor dos homens ou o de Deus? Ou procuro agradar a homens? Se agradasse ainda a homens, não seria servo de Cristo" (Gálatas 1:10). A escolha é clara: não se pode servir a dois senhores.
  3. Paralisia e Inação: O medo de errar, de ser julgado ou de falhar nos impede de dar os passos de fé que Deus nos chama a dar. Noé poderia ter sido paralisado pela magnitude e pelo ridículo de sua tarefa. Os discípulos, após a crucificação, se esconderam "com medo dos judeus" (João 20:19). Foi somente após receberem o Espírito Santo que a ousadia divina superou o medo humano.
O Antídoto: O Temor do Senhor
O oposto do medo dos homens não é a ausência de medo, mas o Temor do Senhor. Este não é um pavor de castigo, mas um profundo respeito, reverência e admiração por quem Deus é. É entender Sua santidade, poder e, acima de tudo, Seu amor e justiça.
Por que o Temor do Senhor nos Liberta do Medo dos Homens?
  1. Perspectiva Correta: Quando tememos a Deus, a opinião dos homens perde sua importância. Percebemos que estamos diante de uma audiência de Um. A pergunta deixa de ser "O que eles vão pensar de mim?" e passa a ser "Isto agrada ao meu Senhor?".
  2. Fonte de Sabedoria e Confiança: "O temor do Senhor é o princípio da sabedoria" (Provérbios 9:10). Essa reverência nos alinha com a vontade de Deus e nos dá a confiança de que, mesmo que o mundo nos rejeite, estamos seguros em Suas mãos. Como diz o Salmo 118:6: "O Senhor está comigo; não temerei. O que me pode fazer o homem?".
  3. Ousadia Divina: O temor a Deus nos enche de coragem. Vemos isso em Pedro e João perante o Sinédrio. Após serem ameaçados e ordenados a não mais falar em nome de Jesus, sua resposta foi: "Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus" (Atos 4:19). O temor a Deus anulou completamente o medo das mais altas autoridades humanas.
Conclusão
A jornada de fé é uma batalha constante entre dois medos: o medo dos homens, que leva à escravidão, e o temor a Deus, que leva à liberdade e à verdadeira ousadia. Noé, João Batista, Paulo e tantos outros heróis da fé não eram destemidos por natureza; eles simplesmente escolheram qual medo iria governar suas vidas.
A decisão de temer a Deus acima de tudo é o que transforma um crente vacilante em um mensageiro fiel, capaz de construir arcas em desertos, clamar por arrependimento e cantar em prisões, tudo para a glória Daquele que é o único digno de todo o nosso temor e adoração.

Pr. Samuel Carvalho

sexta-feira, 31 de outubro de 2025

Celebração dos Anos da Reforma Protestante




🌟 Celebração dos Anos da Reforma Protestante: O Retorno às Escrituras

No dia 31 de Outubro, celebramos o marco inicial da Reforma Protestante, um movimento de renovação espiritual e teológica que mudou o curso da história cristã e mundial.

O movimento teve seu estopim em 1517, quando o monge alemão Martinho Lutero afixou suas 95 Teses na porta da igreja do Castelo de Wittenberg, questionando, inicialmente, a prática da venda de indulgências pela Igreja Católica. No entanto, o questionamento evoluiu para um profundo retorno às Escrituras Sagradas como única fonte de autoridade para a fé e a prática.

Os Pilares da Reforma: Os 5 Solas

A teologia da Reforma Protestante se consolidou em cinco pontos cruciais, expressos nas frases em Latim conhecidas como os "Cinco Solas":

  1. Sola Scriptura (Somente a Escritura): A Bíblia é a única regra infalível de fé e prática.

  2. Sola Gratia (Somente a Graça): A salvação é um dom gratuito de Deus, não merecida.

  3. Sola Fide (Somente a Fé): O homem é justificado (declarado justo) somente pela fé em Jesus Cristo, sem o auxílio de obras.

  4. Solus Christus (Somente Cristo): Jesus Cristo é o único mediador entre Deus e os homens e a cabeça da Igreja.

  5. Soli Deo Gloria (Glória Somente a Deus): Toda a vida do cristão deve ser vivida para a glória de Deus.

A Reforma resgatou verdades bíblicas essenciais e abriu caminho para a liberdade de consciência e para o florescimento de diversas denominações cristãs ao longo dos séculos.

📜 Linha Temporal da História da Igreja: De Atos à Assembleia de Deus

A jornada da Igreja, desde o seu nascimento, é uma narrativa de fé, avivamento e expansão missionária.

1. A Igreja Primitiva (Livro de Atos)

  • Início: Pentecostes (Atos 2) – O derramar do Espírito Santo marca o nascimento da Igreja. A mensagem de Jesus Cristo se espalha a partir de Jerusalém, Judeia, Samaria e até os confins da terra.

  • Características: Vida em comunhão, sinais e prodígios, fervor na pregação do Evangelho e forte impacto social.

2. Idade Média e Pré-Reformadores

  • Idade Média: A Igreja se institucionaliza, centralizando o poder no Papado. As Escrituras ficam restritas ao clero e em Latim, e diversas práticas se distanciam dos princípios bíblicos.

  • Pré-Reforma: Nomes como John Wycliffe (Inglaterra) e Jan Huss (Boêmia) surgem, criticando a hierarquia da Igreja e clamando por um retorno à Bíblia.

3. A Reforma Protestante (Século XVI)

  • Marco Central: Martinho Lutero inicia o movimento em 1517, com o foco nos Cinco Solas.

  • Expansão: Outros reformadores como João Calvino (Genebra), Ulrico Zuínglio (Suíça) e John Knox (Escócia) continuam a obra, originando as tradições Luterana, Presbiteriana, Anglicana, entre outras.

4. O Movimento Pentecostal (Século XX)

  • Avivamento: O século XX é marcado pelo ressurgimento de dons e manifestações do Espírito Santo, como visto na Igreja Primitiva. O Avivamento da Rua Azusa (Los Angeles, EUA, a partir de 1906) é considerado o grande marco do moderno movimento pentecostal.

5. Chegada e Fundação da Assembleia de Deus no Brasil

  • O Início no Brasil (1911): Impulsionados pelo avivamento pentecostal, os missionários suecos Daniel Berg e Gunnar Vingren chegam ao Brasil, guiados por uma profecia. Eles chegam a Belém do Pará e iniciam um movimento dentro de uma igreja Batista, que culmina na fundação da Missão da Fé Apostólica, que mais tarde se tornaria a Assembleia de Deus (o nome foi adotado em 1918).

  • Expansão: A mensagem pentecostal, com ênfase no batismo com o Espírito Santo e na cura divina, rapidamente se espalha do Norte para as demais regiões do país.

6. A Assembleia de Deus - Ministério do Belém (Em Especial)

  • Nascimento: A Assembleia de Deus chegou ao estado de São Paulo no início da década de 1920, e a Assembleia de Deus - Ministério do Belém é um dos ramos históricos e de maior relevância desta denominação no Brasil.

  • Fundação em São Paulo: A igreja-mãe do Ministério do Belém foi organizada em 1927 na capital paulista, tornando-se um dos principais polos de irradiação do pentecostalismo no Sudeste do país.

  • Legado: O Ministério do Belém mantém o legado pentecostal, enfatizando a ação missionária, a doutrina bíblica e a experiência com o Espírito Santo, sendo um dos maiores e mais influentes ministérios da Assembleia de Deus no Brasil, com atuação em diversas cidades e estados.

A história da Igreja é a prova viva de que, apesar dos desafios e desvios ao longo dos séculos, a Palavra de Deus prevalece e o fogo do Espírito Santo continua a arder, capacitando seus filhos a cumprir a Grande Comissão, de Atos até os dias de hoje.

Samuel Carvalho
31/10/2025 
508 anos da Reforma Protestante 

quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Noemi Errou ao Sair de Belém, e Rute Acertou ao Chegar

 

A Lição Dupla de Livro Rute

O livro de Rute, pequeno mas poderoso, nos oferece uma das mais belas histórias de lealdade e redenção das Escrituras. No entanto, em sua essência, ele esconde uma ironia profunda e uma mensagem dupla crucial para a nossa jornada de fé.

A história é um estudo de contraste: uma mulher que sai do lugar da bênção e outra que faz o caminho inverso. Uma encontra luto; a outra, redenção.

1. A Tragédia de Noemi: A Fuga do Lugar Aprovado

A narrativa começa em Belém de Judá (Rute 1:1), um lugar abençoado pela aliança de Deus. O próprio nome Belém significa “Casa do Pão”. Mas havia uma prova: a fome.

Diante da escassez, Elimeleque e Noemi tomaram uma decisão: deixaram a Casa do Pão, onde a provisão de Deus havia sido prometida, para buscar sustento em Moabe.

O Perigo do "Lugar Desaprovado"

Moabe não era uma terra neutra. Os moabitas eram adversários históricos de Israel, e ir para lá era um ato de desconfiança na provisão de Deus durante a prova. É a tentação de buscar a bênção e o alívio imediato em um local ou método que Deus não aprovou ou não direcionou.

O Resultado:

A tragédia não tardou. A atitude de "resolver o problema" fora da direção de Deus trouxe sofrimento e luto. Noemi perdeu seu esposo e, depois, seus dois filhos. Ela saiu de Belém "cheia" (com uma família), mas voltou vazia e amarga, a ponto de pedir que a chamassem de Mara (que significa "amarga").

A lição de Noemi é clara: Não adianta, por causa de uma prova, procurar a bênção em locais ou soluções onde Deus não aprova. A fuga da dificuldade para o lugar errado só intensifica a dor e resulta em esvaziamento.

2. O Triunfo de Rute: O Caminho de Volta Pela Fé

A ironia da história reside no contraste estabelecido por Rute. Ela nasceu e cresceu em Moabe, o "lugar desaprovado" e idólatra.

Enquanto Noemi errou ao sair do lugar aprovado, Rute fez bem em sair do lugar desaprovado para se dirigir ao lugar da bênção.

A Escolha Radical

A decisão de Rute não foi baseada na busca por riqueza (ela iria para Judá como uma estrangeira pobre e viúva), mas em um ato radical de fé e lealdade. Sua declaração é o ponto de virada da história:

"Não insistas comigo que te deixe... o teu povo será o meu povo, o teu Deus será o meu Deus." (Rute 1:16)

Rute abandonou sua idolatria, sua cultura e seu povo para se apegar ao Deus de Israel. Ela trocou o conforto do conhecido (Moabe) pela fé no desconhecido (Belém).

O Resultado:

Rute, a moabita, a estrangeira, a rejeitada pela lei mosaica, encontra graça. Ela é redimida por Boaz (o parente resgatador) e é inserida na linhagem de Davi e, por conseguinte, na linhagem de Jesus Cristo.

Ela demonstrou que a bênção não está na sua origem, mas na direção do seu destino.

A Mensagem Dupla para a Sua Vida

A narrativa de Rute é um espelho para as nossas escolhas:

O CONTRASTENOEMI (A Amargura)RUTE (A Redenção)
Ponto de PartidaLugar Aprovado, mas em ProvaLugar Desaprovado (Idolatria)
AçãoSaiu por desconfiança na provisãoSaiu por lealdade e fé
ResultadoLuto e Vazio (Mara)Redenção e Plenitude (Linhagem de Cristo)

A Lição Prática:

  1. Não fuja da prova: A dificuldade (a fome) não é um sinal para abandonar a "Casa do Pão". A bênção de Deus se manifesta na perseverança e na confiança, mesmo em meio à escassez.

  2. Abandone o "Moabe" da sua vida: Se você está em um lugar (um hábito, um relacionamento, um caminho) que Deus desaprova, não importa o quão confortável ou promissor ele pareça. A única atitude sábia é sair dele e se dirigir, pela fé, ao lugar da Sua Presença.

O caminho da bênção não é buscar um atalho, mas apegar-se a Deus e ao Seu povo, fazendo a escolha de fé, assim como Rute. Deus sempre honra quem prioriza a Sua direção.


Por

Samuel Carvalho

sábado, 11 de outubro de 2025

Proatividade Pastoral

O Coração do Bom Pastor na Missão da Igreja

No cerne da fé cristã, a figura do pastor evoca imagens de cuidado, guia e proteção. No entanto, em um mundo em constante mudança, a essência dessa vocação muitas vezes se confunde com a gestão e a administração. A reflexão que nos é proposta, e que ecoa na imagem acima, nos convida a revisitar a
proatividade pastoral, contrastando o verdadeiro pastor com o que poderíamos chamar de um "gerente de igreja".

O Pastor e o Gerente: Uma Distinção Crucial

É comum que, na dinâmica eclesiástica moderna, a figura do pastor seja sobrecarregada com responsabilidades administrativas. Em meio a planilhas, reuniões e a busca por eficiência, corre-se o risco de transformar o pastor em um gerente. Um gerente espera que os processos funcionem, que os membros sejam proativos e que as "ovelhas" se mantenham no redil por conta própria. Ele pode até exigir proatividade de obreiros e membros, mas, paradoxalmente, esquece-se de ser proativo em sua própria chamada fundamental: a de buscar e cuidar.
Contudo, a missão da igreja permanece inalterada: levar o evangelho a todos os seres humanos. Essa missão não é passiva; ela exige ação, movimento e, acima de tudo, proatividade. Um pastor que declara não ir atrás de quem se afastou, ou que não se preocupa com os que se perderam, entra em colisão direta com os valores centrais do Reino de Deus.

As Parábolas do Reino: Um Chamado à Busca Ativa

Jesus, em sua sabedoria, nos deixou parábolas que ilustram perfeitamente a natureza proativa do amor divino e a responsabilidade do pastor. Elas nos mostram que o cuidado não é uma espera passiva, mas uma busca incessante.

A Parábola da Ovelha Perdida (Lucas 15:3-7)

Na Parábola das Cem Ovelhas, o pastor, ao perceber a ausência de uma única ovelha, não permanece no aprisco esperando que ela retorne. Ele deixa as noventa e nove em segurança e sai em sua procura até encontrá-la. Ao achá-la, a traz de volta com alegria. Esta parábola é um poderoso lembrete de que cada indivíduo tem um valor imenso aos olhos de Deus e, por extensão, aos olhos de quem exerce a liderança pastoral. Muitas pessoas, como ovelhas, estão se perdendo por falta de orientação, por não terem um pastor que as procure ativamente.

A Parábola da Dracma Perdida (Lucas 15:8-10)

Em seguida, Jesus conta a Parábola da Dracma Perdida. Uma mulher, ao perder uma de suas dez moedas de prata (dracmas), acende uma lâmpada, varre a casa e a procura com cuidado e diligência até encontrá-la. A dracma, embora inanimada, representa o valor intrínseco de cada pessoa. Há membros que, mesmo dentro da "casa" (a igreja), sentem-se desvalorizados, esquecidos, e acabam se perdendo. A proatividade pastoral aqui se manifesta na atenção aos detalhes, no cuidado em valorizar cada um, garantindo que ninguém se sinta uma "moeda perdida" no meio de tantas outras.

A Parábola do Filho Pródigo (Lucas 15:11-32)

Finalmente, a Parábola do Filho Pródigo nos apresenta um pai que, embora não saia em busca do filho que o abandonou, o espera ansiosamente e, ao vê-lo de longe, corre ao seu encontro. Mais do que isso, ele o restitui imediatamente à sua condição de filho, sem hesitação ou condenação. O filho pródigo representa aqueles que tomam decisões erradas, que se afastam para "terras distantes", mas que, no fundo, anseiam por um caminho de volta. A proatividade do pai está na sua vigilância amorosa, na sua prontidão para perdoar e restaurar, e na celebração do retorno. Isso nos ensina que, mesmo quando o afastamento é uma escolha, o amor pastoral deve estar pronto para acolher e reintegrar.

A Proatividade como Expressão do Amor de Cristo

Os tempos podem ter mudado, as abordagens evangelísticas podem ter evoluído, mas o coração da missão da igreja e a essência da vocação pastoral permanecem os mesmos. Ser um pastor, à luz das Escrituras, é ser um imitador de Cristo, o Bom Pastor, que não espera a ovelha perdida encontrar o caminho de casa, mas Ele mesmo toma a iniciativa e sai à procura dela. É valorizar cada dracma, mesmo as que parecem insignificantes. É esperar com amor e restaurar com graça o filho que retorna.
A proatividade pastoral não é uma opção, mas um imperativo do Reino. É a manifestação do amor de Deus que busca, encontra, valoriza e restaura. Que cada pastor e líder na igreja de hoje possa abraçar essa proatividade, lembrando-se que o lugar das ovelhas é no redil, e a responsabilidade de trazê-las de volta é do Bom Pastor e daqueles que seguem seus passos.

A Justiça que Excede

  Por Que Ser Melhor que os Fariseus é Essencial para o Reino A frase de Jesus em Mateus 5:20 é um verdadeiro divisor de águas: "Porqu...