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segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

A Ilusão do Chamado Conveniente

O Chamado Inegociável: Por Que a Renúncia é o Coração da Vocação Divina

Muitas vezes, a percepção do "chamado" se resume a um convite agradável, algo que se alinha perfeitamente com nossas habilidades, paixões e, principalmente, nossa zona de conforto. No entanto, ao mergulharmos nas profundezas das Escrituras, descobrimos que a vocação de Deus é, por natureza, desafiadora. Ela não se curva às nossas conveniências pessoais, aos nossos sentimentos momentâneos ou àquilo que julgamos ser o correto sob nossa ótica limitada.
A essência da vocação bíblica é inegociável: a Renúncia.

Definição: A Renúncia, no contexto do chamado, é o ato de abdicar da nossa vontade e daquilo que nos agrada, para cumprir a vontade expressa de Deus e o
Seu propósito.

Ela é o fundamento da Obediência Radical.

O chamado divino não apenas convida, mas determina o COMO e o ONDE ele deve ser exercido. Entender essa dinâmica é a chave para uma vida de fé frutífera e alinhada com o Reino.

I. A Fundamentação Teológica: A Renúncia Como Condição

A renúncia não é um opcional para os "super-crentes" ou para aqueles em posições de liderança; ela é a condição de entrada para o discipulado, estabelecida pelo próprio Jesus Cristo.

1. A Negação do Próprio Eu (O Convite ao Discipulado)

Se desejamos seguir a Cristo, o primeiro passo é a entrega diária e radical do controle sobre nós mesmos. É a submissão da nossa autonomia à soberania d'Ele.
“Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.” (Mateus 16:24)

2. A Submissão da Vontade Pessoal (O Exemplo de Cristo)

O maior ensinamento sobre renúncia veio do Filho de Deus. No Getsêmani, Jesus enfrentou o conflito entre o desejo humano de evitar a dor e a necessidade divina de cumprir o propósito redentor.
“Meu Pai, se for possível, afasta de mim este cálice; contudo, não seja como eu quero, mas sim como tu queres.” (Mateus 26:39)
Se a vontade de Cristo se submeteu à vontade do Pai, a nossa também deve se submeter.

II. Três Áreas Onde o Chamado Exige Renúncia

A história bíblica é um espelho que nos mostra que, onde Deus chama, Ele confronta as áreas de maior apego, medo ou preconceito em nossas vidas.

1. Renúncia ao Sentimento Pessoal e ao Preconceito

O chamado se torna mais difícil quando exige que amemos ou sirvamos quem julgamos não merecer ou quem contraria nossa agenda pessoal.

Exemplo Bíblico: Jonas em Nínive Deus chamou Jonas para pregar em Nínive, capital do Império Assírio, inimigo histórico de Israel. O coração de Jonas, cheio de ódio, desejava a destruição, não a salvação daquele povo. Por isso, ele fugiu. A obediência de Jonas, mesmo relutante, cumpriu o propósito da Misericórdia de Deus para com um povo inimigo.

A Lição:
O chamado de Deus nunca se alinhará ao nosso preconceito ou à nossa agenda pessoal.

2. Renúncia à Segurança e à Lógica Humana

A resistência ao chamado frequentemente reside na segurança material, na estabilidade profissional ou no medo de deixar o conhecido.

Exemplos Bíblicos: Moisés e Abraão

Moisés: Teve que renunciar ao conforto de sua vida de pastor em Midiã para retornar ao Egito, o lugar onde era um fugitivo, enfrentando o trauma e o medo para libertar Israel.

Abraão: Foi instruído a sair de sua terra natal para uma terra desconhecida, vivendo pela fé e não pela vista.

“Pela fé Abraão, quando chamado, obedeceu e dirigiu-se a um lugar... embora não soubesse para onde estava indo.” (Hebreus 11:8)

A Lição: A renúncia da estabilidade financeira, geográfica ou profissional é o teste fundamental da nossa confiança na promessa e na provisão de Deus.

3. Renúncia ao Conforto e ao Preço a Ser Pago

O chamado exige o maior sacrifício na aceitação do sofrimento e do martírio como parte intrínseca da missão.

Exemplo Bíblico: Paulo Rumo a Roma Paulo sabia que sua jornada para testemunhar em Roma implicaria prisão, sofrimento e, por fim, a morte. Ele poderia ter evitado o caminho, mas aceitou o custo da vocação. O apóstolo entendia que o chamado envolve a cruz.


"Estou pronto não só para ser preso, mas também para morrer em Jerusalém, pelo nome do Senhor Jesus." (Atos 21:13)

A Lição: O chamado tem um custo elevado que, muitas vezes, é o sacrifício de si mesmo. A renúncia do conforto pessoal atesta que o valor de Cristo é infinitamente maior do que o preço a ser pago.

Conclusão: O Caminho da Obediência Radical

O verdadeiro chamado de Deus é um convite à entrega total. Ele não será ajustado para caber em nossos moldes; somos nós que devemos ser moldados por Ele.

Se você se encontra em um lugar de renúncia, saiba que não está sozinho. Você está no caminho da Obediência Radical, que leva ao cumprimento do propósito eterno de Deus.

Confie: o plano de Deus é sempre mais sábio, mais justo e mais eterno do que o nosso.


Pr. Samuel Carvalho

sábado, 6 de dezembro de 2025

Além do "Janeiro Profético"

 

A Santidade é a Verdadeira Chave para um Ano de Milagres em 2026


A Armadilha dos Eventos Temáticos

Ao iniciarmos um novo ano, somos frequentemente bombardeados com a promessa de "Janeiro Profético", "Portas Abertas", "Vitória Financeira" e uma série de eventos temáticos para cada mês.

A intenção pode ser boa, mas a pergunta que fica é: de que adianta inaugurar um mês com uma palavra inspirada se o restante da nossa jornada não estiver alinhado com a Palavra de Deus?

A profecia divina não se cumpre através de rituais isolados ou eventos inventados. Ela se manifesta em uma vida inteira de obediência e busca incessante pela santidade.

A Ordem que Precede a Maravilha

Se buscamos a manifestação do poder de Deus em nossas vidas, precisamos entender a ordem que Ele estabeleceu. A prioridade de Deus para Seu povo, que precede qualquer milagre, não é a busca por eventos, mas sim a consagração pessoal.

A promessa de Deus a Josué e a Israel é clara e atemporal:

"Santificai-vos, porque amanhã o Senhor fará maravilhas no meio de vós." — Josué 3:5 (ARC)

Este versículo revela o verdadeiro "segredo" para um ano de milagres: a Santidade. A maravilha de Deus é uma consequência direta da nossa consagração, e não o contrário.

Onde Encontrar a Verdadeira Prosperidade?

A busca por prosperidade e portas abertas é legítima, mas a Bíblia nos ensina que a verdadeira bênção vai muito além da esfera material.

O Salmo 1 descreve o homem bem-aventurado e verdadeiramente próspero como aquele que tem prazer na lei do Senhor e nela medita dia e noite. Sua vida é comparada a uma árvore plantada junto a ribeiros de águas, cuja prosperidade é permanente, estável e frutífera. O texto garante: tudo o que ele faz prosperará .

No entanto, a Palavra também nos alerta contra a idolatria do ganho material. O apóstolo Paulo adverte: "Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores" .

A verdadeira vitória que devemos buscar é a vitória sobre o pecado e o crescimento constante em piedade.

O Chamado Irrevogável à Consagração

Deus nos chamou para sermos separados, Seu povo particular. A santidade não é uma sugestão opcional, mas a condição fundamental para andarmos em Sua luz e sermos canais do Seu poder transformador:

"Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver; porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo." — 1 Pedro 1:15-16

Conclusão: Viva a Profecia Diária

Não percamos tempo e energia inventando rituais ou "Janeiros Proféticos" para tentar compensar a falta de um compromisso diário com a Palavra.

Que a nossa busca não seja apenas por receber a profecia, mas por viver a santidade que a Palavra exige.

Que este ano seja, de fato, o ano em que priorizaremos a consagração e, por consequência, veremos o Senhor fazer maravilhas, não apenas em um mês, mas em todos os dias da nossa vida.

Pense nisso! Pr. Samuel Carvalho
P.s: espero que quem leia entenda que não se trata do evento Janeiro Profetico em sim mas da falta de compromisso verdadeiro que muitas vezes sucedem os eventos temáticos!

quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

A Justiça que Excede

 

Por Que Ser Melhor que os Fariseus é Essencial para o Reino

A frase de Jesus em
Mateus 5:20 é um verdadeiro divisor de águas: "Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus."
À primeira vista, o desafio parece impossível. Afinal, os escribas e fariseus eram a elite religiosa da época, os "super-crentes" que dedicavam suas vidas ao estudo da Lei e à observância de cada mandamento e tradição. Eles eram os mestres do saber teológico, conhecedores das Escrituras "de cor e salteado". Se a justiça deles não era suficiente, o que Jesus estava exigindo de Seus seguidores?
A resposta não está em fazer mais, mas em fazer de forma qualitativamente diferente.

A Piedade de Fachada: O Erro dos Escribas e Fariseus

O problema central da justiça farisaica era a sua motivação e o seu foco. Eles eram mestres na aparência e na performance. Como você bem observou, muitos cultivavam a hipocrisia e a egolatria.
A preocupação primária era o louvor humano, os "aplausos e elogios" que vinham da observância pública. Eles se concentravam na letra da Lei, transformando a obediência em um meio de autojustificação e ostentação, negligenciando o espírito da Lei: o amor, a misericórdia e a sinceridade.

Exemplos Bíblicos da Hipocrisia Farisaica

Jesus expôs essa hipocrisia de forma contundente, especialmente em Mateus 23, onde Ele profere uma série de "ais" contra eles:

O Dízimo e o Essencial: Eles eram meticulosos em dar o dízimo até das menores ervas (hortelã, endro e cominho), mas negligenciavam os preceitos mais importantes da Lei: o juízo, a misericórdia e a fé (Mateus 23:23). Eles se preocupavam com o detalhe financeiro, mas ignoravam a justiça social e a compaixão.

Aparência Externa: Jesus os comparou a sepulcros caiados (Mateus 23:27). Por fora, pareciam justos e piedosos, mas por dentro estavam cheios de ossos de mortos e de toda imundície. A justiça deles era uma fachada, um exterior limpo que escondia um interior cheio de avareza e falta de amor.

Oração e Jejum para Serem Vistos: Eles oravam nas praças e jejuavam com rostos desfigurados para que os homens os vissem (Mateus 6:5, 16). A recompensa deles era o aplauso humano, e não a aprovação de Deus.


A Revolução da Justiça: O Que Significa "Exceder"

A palavra grega para "exceder" é perisseuo, que significa ir além, ser abundante, sobejar. Jesus não estava pedindo um legalismo ainda mais rigoroso, mas uma transformação radical que atinge a raiz do nosso ser.
A justiça que excede é aquela que se manifesta em três dimensões essenciais:

1. O Coração: Sinceridade Acima da Aparência

Jesus move o foco da ação externa para a intenção do coração. Não basta não matar; é preciso não ter raiva do irmão (Mateus 5:21-22). Não basta não cometer adultério; é preciso não cobiçar no coração (Mateus 5:27-28).
A sinceridade é a antítese da hipocrisia farisaica. A justiça do Reino exige pureza de intenção, onde a motivação para a obediência é o amor a Deus, e não o desejo de ser visto ou elogiado pelos homens.

2. A Prática: Ação Genuína, Não Ostentação

A justiça superior exige que a Palavra de Deus seja incorporada na vida diária. Não basta o conhecimento profundo; é preciso que ele se traduza em prática sincera.
O praticante desta justiça não busca os aplausos, mas age com o único propósito de glorificar a Deus em todas as áreas da vida. É a substituição da busca pelo status pessoal pela busca pela honra divina.

Exemplos Bíblicos de Vida Autêntica

A vida autêntica, que excede a justiça farisaica, é marcada por ações que refletem a transformação interna:

A Viúva Pobre: Enquanto os ricos depositavam grandes ofertas no templo, a viúva pobre deu tudo o que tinha, duas pequenas moedas (Marcos 12:41-44). Sua justiça excedeu a deles porque sua motivação era a devoção total, e não a ostentação.

O Bom Samaritano: Ele não era um sacerdote ou levita (os religiosos da época), mas agiu com misericórdia e compaixão para com o homem ferido, cumprindo o espírito da Lei (Lucas 10:30-37). Sua prática excedeu a justiça dos que apenas conheciam a Lei.

A Mulher Samaritana: Seu encontro com Jesus resultou em uma transformação imediata e em um testemunho genuíno que levou toda a sua cidade a crer (João 4:28-30). Sua vida, antes de hipocrisia, tornou-se um exemplo de sinceridade e fruto do Reino.

3. A Fonte: A Graça de Cristo

O ponto crucial é que a justiça que excede não é uma justiça que fazemos, mas uma justiça que recebemos.
Reconhecendo a impossibilidade humana de alcançar a perfeição legalista, somos convidados a receber a justiça de Cristo imputada a nós pela fé (Romanos 3:21-22). É a partir dessa transformação interna, operada pela graça, que podemos viver uma vida de devoção genuína, que verdadeiramente excede a justiça meramente externa e hipócrita.

Conclusão: O Desafio do Reino

O desafio de Mateus 5:20 é um convite para uma vida de autenticidade radical. É a substituição da egolatria (o culto ao eu) pela teolatria (o culto a Deus), do legalismo pela vida no Espírito.
Se a sua vida religiosa se resume a regras e aparências, você corre o risco de ter a mesma justiça dos fariseus. Mas se a sua fé nasce de um coração transformado pela graça, manifestando-se em prática sincera e buscando a glória de Deus, então a sua justiça, de fato, excede.

Pr. Samuel Carvalho AD Belém - Vila Virginia - Ribeirão Preto

Feliz Natal 2025

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