Por: James Akin
Tradução: Emerson de Oliveira
Não há uma única resposta a esta pergunta porque a melhor Bíblia para se ler depende de por quê você está lendo. Basicamente, há três tipos de Bíblias a escolher--as versões literais, versões dinâmicas, e versões especiais.
Se você deseja fazer estudo de Bíblia então o melhor é uma versão literal. Este tipo de Bíblia é tão próximo possível ao hebraico, aramaico ou grego originais (essas são as línguas em que as Escrituras foram originalmente escritas).
As vantagens de uma versão literal são que preservam as nuances do texto que estão perdidas em outras traduções e que corre menos risco de injetar as idéias dos tradutores no texto. Esses itens são importantes se você está desejando fazer um sério estudo da Bíblia.
A desvantagem das versões literais é que, por serem muito próximas dos idiomas originais, são mais difíceis para as pessoas lerem. Nem sempre é possível fazer uma transliteração para a linguagem de hoje sem sair do literalismo, e não é possível atualizar o português para a língua bíblica original.
Este problema é aliviado nas chamadas versões dinâmicas. Estas não ficam tão presas ao texto original e como resultado elas são mais fáceis ler porque que os tradutores estão mais livres para traduzir as palavras para o português atual.
As desvantagens são que muitas nuances do texto são perdidas e, talvez, muitos preconceitos teológicos dos tradutores são inseridos no texto. Já que os tradutores não estão tão presos aos textos originais, eles podem atualizar as frases para a linguagem moderna, mas algumas vezes podem colocar frases que mostrem suas próprias tendências teológicas, muito (ou mais) que o texto diz literalmente.
Isto faz as versões dinâmicas inadequadas para um estudo da Bíblia, mas para o leitor leigo da Bíblia, elas podem ser úteis.
A terceira classe das traduções é a que eu chamo de versões especiais. Também pode-se chamá-las de Bíblias de novidade. Estas são versões onde os textos são deliberadamente parafraseados de uma maneira não convencional.
Durante os séculos, um certo conjunto de convenções foi ficando tradicional entre os tradutores. Por exemplo, a palavra grega christos é tradicionalmente traduzida como "Cristo" ao invés de "Ungido", apesar deste último ser uma melhor expressão do que a palavra literalmente significa.
Uma tradução especial poderia escolher traduzir christos como "Ungido", o que faria as pessoas lerem não "Jesus Cristo" mas "Jesus Ungido". Este seria um meio não convencional de agir, mas não seria inexato, e poderia fazer o leitor ter mais conhecimento do significado original, que ele não teria se visse uma versão literal.
Esta é a vantagem que as versões especiais têm a oferecer--elas podem lhe fazer ver a Bíblia com novos olhos e fazê-lo ver coisas que não tinha tomado conhecimento antes.
As desvantagens para as versões especiais, porém, são grandes. Primeiro, por tentarem ser não convencionais elas podem confundir uma pessoa que não está tão fundamentada na fé tradicional da leitura da Bíblia, como os outros cristãos fazem. Segundo, elas podem ter mais influências do tradutor que as versões dinâmicas. Terceiro, já que elas são versões idiossincráticas, são feitas por pessoas idiossincráticas (ou por pessoas que tem todos os tipos de idéias teológicas esquisitas).
Por estas razões, as versões especiais deveriam ser usadas só por pessoas que já têm um fundamento firme na teologia cristã ortodoxa e que já leram pelo menos uma Bíblia normal. Elas não são boas para iniciados na fé cristã. Elas podem ser úteis para um cristão maduro, bbilicamente fundamentado. Aí sim, saberá julgar o conteúdo. Mas elas não são indicadas para um estudo bíblico sério.
Aparte do tipo de Bíblia que a pessoa escolha, há várias outras considerações para se ter em mente quando escolher uma Bíblia.
O primeiro destes é o nível de formalidade ou informalidade da pessoa. Muitas pessoas acham irreverente se uma Bíblia toma um nível muito baixo de formalidade. As pessoas podem se sentir mais confortáveis com as traduções mais velhas e as acharem mais dignas e confiáveis em seu texto.
Outras pessoas podem achar que certas palavras na Bíblia já são um certo tipo de impedimento para a leitura de Bíblia. Esta é uma questão de gosto pessoal, e assim as pessoas deveriam escolher qualquer tipo que seja da Bíblia que elas achem confortáveis.
[N. do T.: neste ponto, James Akin disserta sobre algumas versões americanas. Vamos fazer o correspondente para o português. Além da divisão tradicional das bíblias católicas e protestantes, que as bíblias católicas tem os livros deuterocanônicos - que os evangélicos chamam de apócrifos - existe um tipo de movimento na Inglaterra e Estados Unidos que pregam que existe uma outra diferença - o chamado movimento que defende que só a Bíblia King James é a versão correta, em português, a Almeida Corrigida e Fiel. Este movimento diz que só o TR, que é o manuscrito de onde vem a Bíblia King James e a Almeida, é o correto e as outras Bíblias - católicas inclusive - provêm dos manuscritos alexandrinos, que para eles, são corruptos. Não passa de um movimento herético e preconceituoso que tenta dividir os cristãos. Tratamos deste assunto em outro lugar deste site. O que importa comentar neste ponto é que a King James/Almeida, apesar de serem respeitáveis, contêm falhas, como todas as bíblias. Contudo o TR contêm muitas adições que as outras bíblias não tem. São excelentes para um estudo sério da Bíblia, mas é preciso ficar atento aos textos.
A Almeida é protestante e tem uma história idem. Para os católicos ela não tem oimprimatur, que é a autorização dada por um eclesiástico para a leitura de uma Bíblia. Almeida traduziu sua bíblia das mesmas fontes que tinham feito a King James. Outras bíblias, como a Tradução na Linguagem de Hoje, não são indicadas para um estudo sério, visto serem livres demais.
As Bíblias católicas são amplas em variedade. Destacamos a Bíblia de Jerusalém, que foi traduzida por dominicanos da Escola Bíblica de Jerusalém, com fartas notas e apêndices, sendo uma Bíblia científica e a Vulgata Latina, versão Mattos Soares, que, apesar de ser difícil de ser encontrada, é interessante para ver a Vulgata original.
Também há a Bíblia TEB - Tradução Ecumênica - feita por católicos, protestantes e judeus. Uma excelente Bíblia que mostra o feito da cooperação dastas três vertentes. Excelentes notas completam o estudo.
Uma bíblia não podemos indicar: a chamada Tradução do Novo Mundo das Testemunhas de Jeová, que dispensa comentários. Sua falta de exatidão e constantes falhas são bem conhecidas. Não é indicada de forma alguma.]
Uma nota adicional: há uma história contada sobre o evangelista protestante Billy Graham. Talvez seja uma história apócrifa, mas tem certa verdade. De acordo com isto, quando lhe perguntaram: "Qual é a melhor Bíblia?" ele respondeu "a que você lê".
Eu concordo, ao menos em parte. Apesar de não ter nada errado com isto (e há algumas Bíblias seriamente defeituosas), seja qual for a Bíblia que escolher, esta será a melhor para você. O estilo e tom da Bíblia que você lê não é tão importante quanto o fato você está lendo e aprendendo dela. Se você acha que o estilo da Bíblia que está lendo é difícil então mude para um diferente. Quase qualquer Bíblia que está em suas mãos para ser lida é melhor que qualquer Bíblia em sua estante que não seja lida. Sinta-se melhor com a Bíblia que lê. O conhecimento geral que se ganha das Escrituras, para qualquer pessoa bem fundamentada na fé, supera qualquer imperfeição que a tradução possa conter, e comparando com outras traduções, pode ver quais são essas imperfeições.
Isto expõe um ponto final. Às vezes pessoas perguntam: "qual a melhor Bíblia para se ler?" com a intenção de ter somente uma Bíblia e excetuar as outras. A menos que as condições econômicas lhe impeçam de ter mais de uma Bíblia, isto é um engano. É excelente ter várias versões da Bíblia para estudo.
A razão é dupla: Primeiro, toda Bíblia contém imperfeições, e comparando uma Bíblia com outras, você pode descobrir essas imperfeições. Segundo, mesmo se a Bíblia que você está lendo não comete um engano traduzindo algum verso, pode não pode dizer que este versículo será tão claro para você quanto outra tradução. Tente ver o que o versículo em outra tradução, então tudo ficará mais claro, não porque uma tradução estava errada, mas porque ela não estava tão clara nos significados dos versículos para você.
Comentário do Blog.: Certo dia ouvi alguém falando sobre a questão das traduções e versões da Bíblia, falando sobre a tradução da palavra Pão, para povos que não conhecem estes alimento como os indios por exemplo, no ponto de vista dessa pessoa não teria probelma nenhuma em traduzir pão por mandioca. Na parafrase ficaria algo mais ou menos assim : “ Eu sou a Mandioca que desceu do céu” - Parece claro muito logico este argumento, porém quando Jesus disse isso, se referia também a mistério do Maná, que foi servido aos Israelitas no Deserto, sendo este Maná uma tipificação de Cristo. Logo uma parafrase dessa qualidade pode mudar o ensino teologico do texto, sendo assim ao meu ver uma tradução literal mais proxima do original se faz necessária. Cabendo aos ensinadores da Palavra a explicação clara e a aplicação dessa palavra dentro dos mais diversos contextos.
Rodryguez