Em todas as lutas que conheço, vence aquele que vence, o mais forte, o melhor. Na luta do homem com Deus, vence o derrotado. Quando somos derrotados por Deus, quebrados, moídos, então vencemos. Não vencemos a Deus, mas vencemos na vida. Jocó, obteve o direito de primogenitura, aproveitando-se da fome de seu irmão e mais tarde enganando seu próprio pai, Isaque. Seria tido como esperto em nossos dias, pois é exatamente assim que muita gente está vivendo; há pessoas que se aproveitam de momentos difíceis dos outros para tirar tudo o que eles tem. O filho primogênito, nos tempos Bíblicos, geralmente herdava o dobro das possessões paternas dos seus irmãos, e era apontado como chefe social e religioso da família. Jacó teve 12 filhos. Teve o seu nome trocado para Israel, que significa Deus luta- pois lutou como príncipe do Senhor e prevaleceu. “Então disse: já não te chamarás Jacó, e sim Israel, pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens e prevaleceste” v.28. Jacó era trabalhador, 31:40; afetuoso, 29:18; astuto, 25:31-33 e religioso 28:10,20. Porém um crente carnal, era filho de crentes, fazia promessas e cultuava a Deus. No entanto, tinha grandes problemas de caráter, era enganador, oportunista e ganancioso, 27:18-29,42 e 43. Além de seu caráter fraco, tinha inimizade com seu irmão Esaú. Mas um dia Deus o encontrou, e ele lutou com o Senhor e prevaleceu. Podemos viver muitos anos de nossas vidas tentando fugir de Deus, mas chegará o dia em que seremos por Ele encurralados, teremos que enfrentá-lo face a face, então cairemos de joelhos e nos renderemos a Ele. O orgulho, a prepotência a auto suficiência um dia chegará ao fim. Nem que seja nos últimos dias da vida, quando estivermos em uma cama sem poder andar ou dependendo dos outros para tudo. O ser humano, em sua maioria absoluta, só aprende apanhando muito. Mas Deus é o Pai que tem prazer em ensinar.
Jacó passou muitos anos fugindo, de Deus, de Esaú e também de si próprio. Viu que não podia mais permanecer como estava. Servia a seu sogro Labão, mas não tinha o devido reconhecimento. Desejava voltar à casa paterna. Mas este tempo de fuga foi muito importante para que tomasse consciência de sua insatisfação. 1-Jacó sentia insatisfação pessoal. Ele não agüentava mais a vida que estava levando. “Jacó, por sua vez, reparou que o rosto de Labão não lhe era favorável, como anteriormente. E disse o Senhor a Jacó: Torna a terra de teus pais e à tua parentela; e eu serei contigo” 31:2,3. Ele sabia que ali não era mais o seu lugar. 2-Jacó sentia insatisfação interior. Tinha tudo nas mãos, mas não se sentia feliz. “E lhes disse: Vejo que o rosto de vosso pai não me é favorável como anteriormente; porém o Deus de meu pai tem estado comigo.”31:5. Deus o havia feito prosperar, mas ele queria muito mais e sabia que Deus tinha algo especial para ele. 3- Jacó sentia insatisfação espiritual. Queria experimentar aquilo que só conhecera de maneira religiosa: Conhecer a Deus pessoalmente. Veja que ele não dizia meu Deus, mas o Deus de meu pai. Ele era religioso, mas isso não lhe satisfazia, queria conhecer a Deus pessoalmente. Assim muitas pessoas estão vivendo hoje, são religiosas, mas não conhecem a Deus. O que adianta ter uma religião e não ter Deus? Eu quero é Deus, como diz um de nossos hinetos…Eu quero é Deus. Você também precisa ter consciência da realidade que está vivendo. Você está satisfeito com a vida que leva? Quem sabe você tem fugido de Deus, a semelhança de Jacó. Mas enquanto você estiver fugindo, não encontrará satisfação pessoal, interior e espiritual. Chegue a conclusão disso, enquanto há tempo e oportunidade. Pare de viver uma vida vazia, sem sentido.
Mas para encontrar-se com Deus teve que satisfazer dois pré-requisitos.
1-Reconciliação. Jacó teve que se reconciliar com seu irmão. Ninguém encontrará Deus vivendo com ódio, mágoas ou ressentimentos no coração. Qualquer pessoa pode ter uma religião, mesmo que tenha inimizades, mas as pessoas que desejam ter um encontro profundo com Deus devem reconciliar-se primeiro com as pessoas com quem não se relaciona, ou está de mal – irmãos, parentes, visinhos,etc. Esse é o grande mistério da vida cristã, e que poucas pessoas conhecem, infelizmente. Por isso nunca poderão ter uma vida espiritual com profundidade. “Livra-me das mãos de meu irmão Esaú, porque eu o temo, para que não venha ele matar-me e as mães com os filhos. Responderás: São de teu servo Jacó; é presente que ele envia a meu senhor Esaú; e eis que ele mesmo vem vindo atrás de nós. Mas Jacó insistiu: Não recuses; se logrei mercê diante de ti, peço-te que aceites o meu presente, porquanto, vi o teu rosto como se tivesse contemplado o semblante de Deus; e te agradaste de mim.” 32:11,18 e 33:10.
Para que haja reconciliação com Deus é necessário reconciliação com o próximo.
2-Solidão. Jacó assumiu uma posição de solidão total diante de Deus. Podemos ouvir a voz de Deus e senti-lo muito perto da comunidade, na congregação, mas há um encontro no qual precisamos estar a sós. Nós só temos condições de abrir nosso coração quando estamos a sós com Deus. “Levantou-se naquela mesma noite…e os fez passar o ribeiro; fez passar tudo o que lhe pertencia, ficando ele só; e lutava com ele um homem, até ao romper do dia” 32:22-24.
Nunca é tranqüilo encontrar-se com Deus, pois esse encontro implica luta. Nossa natureza pecaminosa se rebela diante da santidade do Todo Poderoso. Talvez seja por isso que as pessoas prefiram ser religiosas a se encontrar com Deus. Num encontro com um deus de pedra não acontece nada, não muda nada. Mas um encontro com o verdadeiro Deus muda tudo. E isso transtorna nossa vida, nos esmaga. É por isso que muita gente não quer envolvimento com Deus; prefere continuar fugindo; mas um dia o encontro será inevitável; se não para a salvação, será para o juízo final.
1- A maior luta que enfrentamos não é com satanás ou com problemas externos, como muita gente pensa, mas é conosco mesmo. É a luta interna, luta entre a carne e o espírito. O nosso espírito anseia por comunhão, oração; anseia por Deus, pela prática dos princípios espirituais, mas a carne anseia por coisas que lhe dão prazer, e muitas vezes isso implica em pecado. A carne e o espírito são opostos. “A carne luta contra o espírito e o espírito luta contra a carne, porque são opostos entre si” Gal. 5:17.
2- Muitos desejam um encontro com o Senhor, desde que não seja para servir, cooperar com o reino de Deus. Vivem com o desejo de ser honrados, servidos. “ Jesus diz: Eu não vim para ser servido, mas para servir” e nos ensina que sejamos úteis às pessoas que vivem a nossa volta e ao reino de Deus.
3-O encontro com Deus nos transforma em discípulos de Jesus. Nos coloca em sua escola para o aprendizado. Quem não quer aprender nunca poderá ensinar. Há pessoas que acham que sabem tudo, nunca servirão para ensinar, porque na verdade nada sabem. Podem saber a letra, mas não o espírito dos ensinos de Jesus.
Deus quer liderar a vida de seus servos, mas muitas vezes estes querem usar Deus para glória pessoal. Senhor faça isso….Senhor faça….
No encontro do ser humano com Deus existem muitas implicações pessoais e também conseqüências na vida exterior.
1- No encontro com Deus o homem é desconjuntado. “Vendo este que não podia com ele, tocou-lhe na articulação da coxa; deslocou-se a junta da coxa de Jacó, na luta com Deus” 32:25. Diante de Deus não podemos ficar em pé, somos quebrados por sua majestade. Só Deus é capaz de revelar nossa impotência. Isaias quando entrou no templo, na presença de Deus, teve a sensação de morte “Ai de mim que estou perecendo, pois sou um homem de lábios impuros e habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor Deus dos exércitos” Isaias 6:5.
Saulo de Tarso, ao contemplar a glória de Deus caiu do cavalo e ficou prostrado no chão como morto. Aquele que se achava tão intelectual, religiosamente sabido, que havia prendido tantos homens e mulheres, agora precisa de alguém para lhe puxar pela mão e lhe dar comida na boca. Foi desconjuntado quando teve seu encontro com Deus. Quantos problemas em nossa sociedade proveniente de homens com caráter perverso…só um encontro com Deus para que haja transformação.
2-Quando nossa vida é exposta não temos outra coisa a fazer senão nos agarrar com Deus. Nosso orgulho vai todo embora e passamos a sentir quem realmente somos. Quando Jacó percebeu o caráter Divino de quem lutava com ele, percebeu que sua vitória seria não deixa-lo ir, mas agarra-lo. “Disse este: Deixa-me ir, pois já rompe o dia. Respondeu Jacó: Não te deixarei ir se não me abençoares” 32:26. Precisamos nos agarrar com o Senhor usando todas as nossas forças.
3- No encontro com Deus nosso caráter é mudado. “Perguntou-lhe: Como te chamas?” Não porque não soubesse seu nome, mas para que pudesse se lembrar do significado de seu nome, de seus pecados. “Então disse: Não te chamarás mais Jacó, e sim Israel, pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens e prevaleceste. Tornou Jacó: Dize, rogo-te, como te chamas? Respondeu Ele: Por que perguntas pelo meu nome? E o abençoou ali.” 32:27-29. Não foi apenas uma mudança de nome, mas uma mudança de caráter. Jacó lhe perguntou o nome, mas ele respondeu: Por que me perguntas o nome? Você não conhece meu caráter? Eu Sou o que Sou, Eu Sou Santo! Não preciso de mudanças. “Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus dos exércitos e toda a terra está cheia de Sua Glória” Jacó não seria mais conhecido como o enganador, mas como o abençoado do Senhor. Quando Alexandre Magno perguntou o nome daquele soldado, não foi porque não sabia, mas para que ele sentisse sua responsabilidade e consertasse sua vida. Mude se caráter ou mude de nome!
4- É maravilhoso ver a forma que Deus trabalha na vida das pessoas. Ele tem um cuidado todo especial conosco. “Àquele lugar chamou Jacó Peniel, pois disse: Vi a Deus face a face, e a minha vida foi salva” V.30. A primeira coisa que acontece quando nos encontramos com Deus é que recebemos dele a salvação. E Deus se torna nosso amigo. “Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu Senhor; mas tenho-vos chamado de amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer” João 15:15.
5- Então recebemos a marca de Deus em nossas vidas. Deus marca a vida das pessoas que tem um encontro com Ele, para sempre. Mesmo que a pessoa se afaste para longe do evangelho, a marca do Senhor ainda permanece no coração. “Nasceu-lhe o sol, quando ele atravessava Peniel; e manquejava de uma coxa” v.31.
Paulo, o apóstolo escreveu aos Gálatas dizendo: “Quanto ao mais, ninguém me moleste; porque eu trago no corpo as marcas de Cristo” 6:17.
Quando temos um encontro com Deus, nossas vidas ficam marcadas, e todos reconhecem isso. Não precisa dizer: Eu tive um encontro! Porque todos olham e sabem que algo especial aconteceu em sua vida. O encontro com Deus marca nossas vidas. Mas quando o encontro com Deus não aconteceu, não adianta mudar a roupa, carregar a Bíblia, ter aparência de piedade, gritar….nada disso convence alguém. A marca é colocada por Deus.
O encontro do homem com Deus é inevitável. Apesar de tantos esforços em fugir, esconder-se, esquivar-se, isto vai acontecer um dia. Seja em vida para a salvação ou na morte para condenação.
O ser humano só pensa em si, nos seus problemas, suas necessidades, seus sonhos. É muito difícil alguém abrir mão de si em favor de outrem. Não se realiza como pessoa, mas vive na fantasia de que está tudo bem, tenta enganar a si mesmo dizendo que é feliz, mas não é verdade. Não adianta viver de fantasias, precisamos ter um encontro com Deus.
Deus está interessado em você, Ele tem ido ao teu encontro para confronta-lo com seus pecados, com sua incapacidade e com a sua necessidade interior. Cabe a você vencê-lo e então sairá marcado para sempre, tendo um amigo e ainda a posse de suas promessas