Quem Sou


Samuel Rodrigues , servindo a Deus na Igreja Assembleia de Deus, Min Madureira em Ribeirão Preto, casado com Cleide Rodrigues, Pregador da Palavra, Professor de Teologia, Blogueiro, Coordenador de Projetos de Pesquisa, contato pelo Whatsapp. ou se preferir ligue para 55 16 994542319

sábado, 25 de setembro de 2010

A Parábola do administrador infiel

 

                                                                                  Introdução:

Realmente a Bíblia tem passagens muito dificeis de se entender, creio que um dos motivos para tanto é justamente a distância história linear que estamos dos relatos por ela mencionados, mais de três mil anos, assim como nossa distância geografica, ( nós latinos estamos do outro lado do planeta!) e corrermos o risco sempre de interpretar os valores daquela época pela nossa relação de valores atuais, um claro caso de  ¹anacronismo. Lembro que uma vez fui questionado por um Pastor até forma agressiva, me pergunta se agora era necessário saber grego e hebraico, para se entender a bíblia ou para ser salvo – claro que não eu respondi, até porque a salvação e o convencimento são obras do Espírito Santo, e isto claro cabe a Ele, porém independente cabe a nós manejar bem Palavra da Verdade, como esta escrito em II Tim 2.15, e acho salutar usarmos de ferramentas ²hermeneuticas para melhor entendermos o Texto Sagrado

Com relação a Parabola do Administrador Infiel, percebi que o texto creio que impriamente interpretado oscila entre dois polos:

  1. Devemos fazer alianças mesmo com imios criando nossa “network”, pois alguma hora podemos precisar ?
  2. Podemos usar dinheiro de origem duvidosa, se isto for em prol do reino de Deus ?

De fato aprece que estamos diante de um problema moral muito sério, vejamos o que conseguimos descobrir com uma análise um pouco mais acurada, porém simples:

Regras de Hermeneutica.

A principal regra da hermeneutica diz que,   “A Bíblia interpreta a própria Bíblia”, ou seja a palavra de deus tem uma coerencia praticamante matematica nos seus ensinos. Nesta coerência existe um padrão doutrinario, com relação ao suborno e formas de lucratividade ilicita e sua relações com o oferta a Bíblia registra o seguinte:

 

  1. Também suborno não  tomarás; porque o suborno cega os que  têm  vista, e perverte as palavras dos justos. (Ex. 23:8)
  2. Não  torcerás o  juízo, não  farás acepção de pessoas, nem  receberás peitas;  porquanto  a  peita  cega  os  olhos  dos  sábios,  e perverte  as  palavras dos justos. (Dt. 16:19)
  3. Maldito aquele que aceitar  suborno para ferir uma pessoa  inocente. E todo o povo dirá: Amém. (Dt. 27:25)
  4. Não trarás o salário da prostituta nem preço de um sodomita à casa do SENHOR teu Deus por qualquer voto; porque ambos são igualmente abominação ao SENHOR teu Deus. Deut. 23.18

Para não cometer anacronismo, vamos ao contexto historico, e procurar compreender a mentalidade da época, o ambiente conhecido de onde Jesus sempre retirava os seus ensinos:

Questões histórico-sociais 
  No Império Romano vigorava  o sistema escravista, com algumas características como  a concentração fundiária nas mãos de alguns poucos
senhores geralmente políticos, a urbanização e a produção mercantil, aspectos estes presentes também no contexto de Lc 16. Como parte intrínseca da lógica daquele sistema, “o trabalho escravo provia a mão-de-obra permanente, no campo e na cidade, e o trabalho livre servia de complemento ocasional” . A escravidão era uma instituição jurídico-legal, que garantia que as pessoas escravas fossem adquiridas através de diversas maneiras: como prisioneiras de guerra mantidas no poder de soldados veteranos que ganhavam terras do Estado
ou vendidas no mercado público; através de nascimento; como penhor de dívidas...   Eram trazidas  de todos os povos e culturas, arregimentadas entre todos os extratos sociais, eram portadoras de conhecimentos em todas as áreas, perdedoras de terras e propriedades por elas antes administradas ... Por isto, não é de se estranhar que muitas destas pessoas escravas eram destacadas para a administração de propriedades, agora sob o jugo da escravidão. Penso ser este também o caso em Lc 16,1-8. Neste contexto escravista, o latifúndio constituía a maior expressão de poder e riqueza da classe dominante, sendo ele também a  principal fonte de riquezas acumulativas e expansivas  especialmente  através do trabalho escravo. O latifundiário era geralmente também o grande comerciante (empório) e o mesmo que, vivendo na cidade, assumia cargos políticos. Para assim poder viver, o homem rico precisa de alguém para administrar seus bens. A existência de  administradores  (oikónomos/epítropos), entre eles a maioria escrava, era muito difundida na Antigüidade.Nos escritos de Platão e Aristóteles,  que refletem sobre relações econômicas  que perduram durante séculos, transparece a dificuldade de um senhor coadunar o trabalho  de administrar suas propriedades e dedicar-se à arte da filosofia e à vida na cidade. Por isso, quem tivesse entre seus escravos alguém instruído e sábio, poderia nomeá-lo administrador encarregado de cuidar de tudo e aumentar o capital de seu senhor. Trata-se de um cargo de confiança que garante uma melhor posição para o escravo, e até ganho de  pecúlio para adquirir sua libertação futura.O escravo administrador (oikónomos) distingue-se do escravo trabalhador  (ergátes) através do caráter de seu trabalho  intelectual, e não corporal, exercendo sobre as demais pessoas escravas, diaristas e arrendatárias uma função de liderança e autoridade. Para a escolha de seus administradores, o senhor observa também aspectos psicológicos do escravo, que o revelem como
alguém com forte libido econômica. Ao senhor cabe a tarefa de controlar e supervisionar o trabalho de seu administrador escravo para garantir seus lucros e também para coibir a auto-promoção do mesmo através de atos de corrupção. O escritor romano Varro, do século I, n um tratado sobre  a  agricultura,  descreve também como os senhores devem cuidar de seus latifúndios através da administração delegada a algum escravo capaz e instruído. O mesmo poderia atuar como administrador e capataz, que supervisiona também  o trabalho de outros escravos e pessoas trabalhadoras diaristas. Ele recomenda aos senhores que estes escravos administradores devem ser mais idosos e experientes, devem
receber alguns privilégios na distribuição de comida, alguma propriedade e parceiras e scravas com quem possam ter crianças, pois assim tornam-se mais estáveis e ligados ao lugar. Este escrito enfatiza a preocupação que se tinha com os proprietários, homens abastados que viviam nas cidades, cujas propriedades eram administradas por escravos  intendentes, que eram treinados para este trabalho, visto que a pessoa escrava comum “não se importava com o sucesso ou os lucros da fazenda”. Com estas providências, portanto, esperava-se maior
dedicação e fidelidade de um escravo administrador.  A necessidade e a existência de ecônomos/administradores, portanto, é
comum na realidade socioeconômica e jurídica do século I. E isto vale tanto para o contexto greco-romano quanto judaico. Para entender Lc 16,1-8 é preciso adentrar ainda um pouco na questão do ‘direito de representação’ vigente naquele tempo, que se baseia em três princípios básicos9: a) a pessoa autorizada (“ecônomo”) atua em lugar e quem a autorizou (“homem rico”), representando seus interesses de lucro e expansão de propriedade. Os negócios assim realizados implicam direitos e responsabilidades para quem delega poder, sendo que as conseqüências jurídicas são carregadas pelo senhor; b) esta representação não autoriza a prática de delitos que prejudiquem o senhor. Qualquer ação que extrapole  os  direitos do senhor é de responsabilidade exclusiva do representante; c) um representante sempre age em função de uma incumbência recebida. Este princípio legal é importante em dois sentidos: todos os negócios realizados são autorizados e legítimos; este  princípio regulamenta a relação recíproca entre os dois, e em caso de irregularidades, nenhum dos dois dispõe de meios legais contra o outro. No caso de Lc 16 isto significa que o “homem rico” não podia exigir do “ecônomo” uma indenização pelo lucro perdido, nem o “ecônomo” poderia exigir uma indenização pela demissão do cargo ou por danos morais advindos da mesma.  Diante desta exposição geral sobre a situação jurídica da relação entre ecônomo e proprietário, quero analisar o texto de Lc 16,1-8 naquilo que ele diz sobre a atuação do ecônomo dentro da lógica econômica vigente no sistema escravista de produção e dominação romano.

Conforme o texto Biblico, alguém denunciou a ação do ecônomo como diaskorpídzo.  Este verbo, na  Antiguidade, significa “espalhar” e “dividir”
pessoas e coisas. No Novo Testamento, ( dia)skorpidzo  aparece poucas vezes, sendo utilizado no sentido de “espalhar”, “dispersar” (Lc 1,51; 11,23; 15,13; 16,1; Mt 12,30; 25,24.26; 26,31; Mc 14,27; Jo 10,12; 11,52; 16,32; At 5,37; 2 Co 9,9 = Sl 112,9) É oportuno e necessário perceber que, no judaísmo da época, esta forma de lidar com  as bens, espalhando/distribuindo também de forma monetária, é bastante conhecida e elogiada! Assim, o rabbi Elieser, preocupado em ampliar laços sociais e familiares através de solidariedade econômica, afirma: “O que se faz  para ter mais crianças? A gente espalha/distribui o seu dinheiro entre as pessoas pobres”. Para dentro daquela cultura  socioreligiosa, esta é uma forma de fazer justiça! E é assim que também o apóstolo Paulo se encontra nesta tradição judaica, quando cita o Sl 112,9 para argumentar a coleta às pessoas empobrecidas em Jerusalém: “Espalhou/distribuiu, deu aos pobres, a sua justiça permanece para sempre!” (2Co 9,9). Mais tarde, o  pai da igreja Crisóstomo em uma homilia ainda parafraseia o termo  skorpídzo com as palavras “espalhar com abundância”

Caminhando um pouco mais…

Isso ainda é pouco eu reconheço, para solucionarmos os problemas apresentados a principio, porém vamos caminhar um pouco mais, em direção ao passado, quero discorrer acerca de um termo “Administrador Infiel” , “Mordomo Infiel”,  ou como em outra versões “economo infiel” Um dos motivos de autores afirmarem que o ecônomo é injusto é a tradução da expressão  oikónomos tes adikías  (Lc 16,8) como “administrador injusto”/”desonesto”. Literalmente a expressão significa “ecônomo da injustiça”, que lida com o  ²mamona tes adikías (“mamon da injustiça”, 16,9). Talves até por uma questão anacronica (alias vivemos tantos problemas de corrupção) o termo foi traduzido de forma de forma adjetivada, Vários comentaristas entendem que Lucas domina muitíssimo bem a língua grega, não utilizaria, aqui, diretamente o adjetivo  ádikos “injusto” para dizer isto que os tradutores querem... Quisesse “Lucas” identificar o ecônomo como injusto, certamente usaria a expressão adjetiva, como então o faz em 16,11 (to adikô mamona, “ao mamon injusto”)! 

Talves a partir daqui podemos começar a entender que existe a possibilidade do administrador se um admnistrador de riquezas injustas, com isso o texto pode dar uma caracteristica globol e generalizada, que acontecia no mundo judaico-romano, alias no versiculo 14 de Lucas 16, nos é informado que os Fariseus sendo avarentos ouviram essa parabola se escandalizavam.

É possivel agora dentro do sistema que injusto era em todas as suas esferas, muitos estivessem com suas dividas arroladas, mas do que o que era devido, A Lei de Moises proibia a usura, e muitos judeus hipocritas para invalidar o mandamente tinham por costume obrigar o devedor a escrever sua confissão de divida em valor bem superior ao original, sendo assim, esta em termos legais não poderiam haver a alegaçaõ em tribunal judaico (sinedrio) que a lei não estava sendo cumprida. A compreensão deste fato é importante pois colabora coma idéia de que o administrador naço era um administrador injusto e sim um admistrador da injustiça.

Diante do perigo iminente de perde seu cargo o economo (gosto de usar este termo, creio que ele me aproxima mais do sentido original/escravo/administrador), que a esta altura ja poderia ter dinheiro o suficiente para quem saber comprar sua liberdade, pode simplesmente estar cortando esses “juros” ilicitos lançados na conta dos devedores, ou até memso retirando destas dividas o seu percentual de lucro, pedindo que eles mesmo refaçam com sua grammatas, próprias letras, as suas confissões de dividas, ao que parece agora esta sendo lançado um valor justo, e talves mesmo na loucura deste sistema o economo estafazendo cumprir a lei judaica!

Com isso o ecomomo, podemos subentender que, garante o pagamento das dividas para seu senhor, pois não cobrar mais o abusivo, e ainda garante um lugar certono seu futuro. de acordo com o estudo dos tempos e modos bíblicos, alguem que fosse agraciado com a hospitalidade poderiam trabalhar junto com a pessoa que o hospedou e socialmente estaria protegido pelas leis da hospitalidade. O jogo do economo foi certeiro garantiu o pagamento do seu senhor ( por isso os elogios) e ainda conseguiu garantir o seu futuro no caso de demissão.

Quais os ensinos desta parabola.?

O que Jesus ensina nesta parabola, é sagacidade do economo em lidar com situações que exigem presteza, e isto sendo ele um administrador de coisas injustas. E nos que nos foram confiadas coisas mais nobres e de verdadeiro valor?

Outro ensino da parabola é que este mundo como um todo esta corrompido e suas riquezas, são injustas assim como todo o sistema e nele vivemos, e uma das formas de não sermos escravos de MAMON,  é justamente praticando a justiça e distribuindo, dando testemunho vivido de nossa fé, atraves de uma pratica de vida não avarenta.

Fazer amigos com as riquezas das injustiça não significa usar de subornos, estratagemas ou coisas parecidas. A ideia é que o que existe neste mundo transitorio e perecivel e de certa forma contaminado pelo pecado por isso, não nos apeguemos.

E com este mesmo sentido que Jesus ordenou ao jovem rico que vendesse tudo, reparti-se entre os pobres e seguisse a Jesus.

 

 

 

¹ anacronsmo:
Anacronismo (do grego ἀνά "contra" e χρόνος "tempo") é um erro em cronologia, expressada na falta de alinhamento, consonância ou correspondência com uma época. Ocorre quando pessoas, eventos, palavras, objetos, costumes, sentimentos, pensamentos ou outras coisas que pertencem a uma determinada época são erroneamente retratados em outra época.
² hermeneutica
Hermenêutica bíblica pretende estudar os princípios da interpretação da Bíblia enquanto uma colecção de livros sagrados e divinamente inspirados. No Cristianismo, esta interpretação é estudada e obtida através da exegese. A hermenêutica bíblica abrange a relação dialética que visa substancializar os significados dos textos bíblicos para aproximar o mesmo da realidade fáctica, na qual se vislumbra o esclarecimento por meio da Bíblia. A hermenêutica bíblica utliza-se de outros princípios comuns aos demais tipos de hermenêutica, como por exemplo a hermenêutica jurídica que segue os princípios da inegabilidade do ponto de partida e a proibição do "non liquet". Em verdade, a hermenêutica bíblica não deve se afastar do texto bíblico, bem como não se abstem da problemática inicial do hermenêuta. O principal objetivo da hermenêutica bíblica é o de descobrir a intenção original do autor bíblico. No caso dos textos da Bíblia o leitor, ao menos racionalmente, não tem acesso direto ao autor original. Por isso é necessário aplicar princípios da hermenêutica (a ciência da interpretação) ao texto bíblico.
Além do fator de separação pessoal entre o leitor atual e o autor original, há outras barreiras para a compreensão. Os últimos e mais recentes livros da Bíblia foram escritos há cerca de dois mil anos atrás. Além da distância de tempo, há diferenças de idioma, pois a Bíblia foi escrita originalmente em hebraico, aramaico e grego.

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